A uns dias atrás, a equipe que trabalho decidiu fazer um offsite pra marcar o encerramento do ano, reunir todo mundo, etc e tal. Apesar dessas atividades terem uma (merecida) má fama, os organizadores dessa nossa reunião conseguiram provar que festa de fim de ano da firma não precisa ser tão ruim assim.

A atividade consistia em montar terrários! Um recipiente que você coloca uma terrinha, umas plantinhas e outras coisas mais pra tentar criar condições ideais para os seres ali dentro ficarem vivos com pouca manutenção. Em nossas frentes tínhamos uma mesa com todos os componentes necessários para o terrário, cada um com sua função nesse ecossistema fechado.

Terrário inicial, sem o robô

  1. Começamos com uma fina camada de pedrinhas, que ajudam a absorver excesso de umidade no sistema
  2. Depois adicionamos uma camada de um tal de "musgo de esfagno" (me foi apresentado como "Sphagnum Moss"), que ajuda a prevenir a proliferação de bactérias e fungos indesejados.
  3. A última camada da fundação foi basicamente uma terra rica nos nutrientes que a planta que íamos usar precisava
  4. E daí podíamos começar a decorar com o que tínhamos disponível: pedrinhas, grama decorativa, plantinhas etc.

O processo é, na verdade, um pouco mais complexo do que isso. Tem uma série de detalhes na aplicação de cada uma dessas camadas. O musgo de esfagno, por exemplo, precisa ser picado e depois espremido pra sair boa parte da água que ele tem. A umidade excessiva pode acabar matando as plantas. Um processo parecido é feito com a grama decorativa. Mas o objetivo desse post não é ser um tutorial de como fazer um terrário, até porque eu não faço ideia do que estava fazendo, fui só seguindo os passos do que o instrutor ia dizendo.

Quando estava decorando o meu, tive a ideia de usar impressão 3D pra complementar a decoração. Não sabia bem o que queria, mas procurei deixar um espaço vazio pra preencher com seja lá o que que surgisse na minha cabeça.

Detour rápido: durante a atividade aprendi que nem terrários estão livres de uma ligação com o colonialismo (!?). Aparentemente, eles foram desenvolvidos e popularizados pra trazer espécies nativas de outros continentes para serem estudadas nos laboratórios europeus e mais rapidamente transformadas em produtos. O terrário ajudava a manter as plantas num ambiente mais parecido com o dos trópicos.

Foi no fim de semana seguinte que, enquanto assistia um filme dos estúdios Ghibli pela milésima vez, tive a ideia de colocar o robozão de O Castelo no Céu sentadinho lá dentro. Pra o que eu queria, acho que foi a ideia perfeita: adoro qualquer tralha que parece um robozinho, o Laputian Robot tem uma coisa meio solarpunk, que acho que combina bem com o terrário e, a melhor parte, já existe um modelo 3D super bem feito e disponível pra baixar.

Fatiei o arquivo no OrcaSlicer, enviei pra a impressora 3D et voilà. Saiu de primeira, mas acho que por pura sorte (e um bocado de cola bastão na mesa aquecida). A primeira camada do modelo é bem complexa e eu acho que poderia ter ajustado melhor algumas coisas no OrcaSlicer. Nas pernas e braços, o fatiador gerou uns suportes bem pequenos que, ao meu ver, podiam ser removidos sem alterar muito o resultado final. Esses suportes acabam tendo um risco muito alto de não aderir corretamente na mesa aquecida, se soltarem e atrapalhar todo o resto da impressão.

Peças do robô soltas, desmontadas

Usei um filamento bege em vez de marrom, que talvez ficasse mais próximo da cor do robô na animação, porque: (1) eu já tinha esse filamento em casa, (2) achei mais bonitinho ele dessa cor, fora que o contraste com o resto do terrário ficou bem legal.

Com o modelo em mãos, segui para a montagem. Removi os suportes e usei super cola na peça que segura as pernas ao torso e as placas da frente e trás que seguram todo o resto.

Robô montado com todas as peças em seu lugar

O resultado final é bem interessante. O robô é todo articulado, então dá pra experimentar com diversas poses, mas ele é meio molenga. Pensando nisso, pra poder deixar ele sentadinho dentro do terrário, modelei um suporte pixototinho que ficaria colado na bundinha dele e fincado na grama.

Robô completamente montado com um pino embaixo

Por fim, respirei fundo e encolhi minhas mãos pra poder colocar ele lá dentro sem obliterar as plantas por acidente. Usei uma pinça que tenho por aqui pra poder mover os braços e pernas para as posições que queria sem ter que enfiar a mão novamente.

Robô sentado dentro do Terrário

Fiquei bem feliz com o resultado. Agora eu tenho esse safado aí cuidando do terrário pra mim.

Uma ideia que tive mas não cheguei a experimentar foi tentar integrar ele melhor no ambiente do terrário. Dá pra usar técnicas de weathering pra deixar ele mais sujo ou talvez só esfregar um pouco da terra nele já sirva. Colar um pouco dessas gramas usadas em dioramas e modelos de arquitetura nos ombros do robô pode ajudar também.